sábado, 30 de março de 2013

A Cura dos não Enfermos Segundo Mateus


Foi no primeiro dia de aula daquela escola (14 de Fevereiro de 2013) que havendo falta de um douto qualquer prontifiquei-me a receber os pequenos em suas novas salas de aula. Era uma tarde quente e numa 5a série qualquer, antes do recreio, verifiquei que uma pequena, sentada próxima a porta da sala, manuseava aqui e acolá um livro enorme (dado seu tamanho miúdo).
Cheguei junto:
 - Olha que livro bonito, deixa o professor ver qual é?
(a mocinha mostra o pesado livro desajeitadamente com suas pequeninas mãos)
 - Que bom que você está lendo! Tem muitos livros lá na sua casa?
 - Ih, tem sim, minha mãe tem todos desse aqui, ele é o cara!
Balancei a cabeça em positivo e retornei aos meus afazeres enquanto ela sacudia o livrão pra coleguinha que sentava na carteira atras.

Então hoje, após digerir um pouco esta informação, foi lendo Mateus que tal episódio volveu a mente.

Qual exatamente é a diferença entre esta moça, mãe da mocinha, triturando as informações, buscando o sentido de sua vida e as respostas aos seus problemas e os de sua casa simples, e um cristão católico fazendo o mesmo com o livro da sua igreja? Ou qual a diferença entre eles e um Adventista lendo os ensinamentos de G. White? ou de um Mórmon debulhando os escritos de J. Smith? ou dum outro buscando responder-se nas psicografias de Xavier? Ou ainda daquele que no Mahabarata busca cânticos, ou do que liberta-se no Bagavah Gita? Hora, seria puritanismo acreditar que há qualquer semelhança nestes e naqueles iniciados que deitam-se e, no lumiar dos abajures questionam a vida diante dos escritos egípcios ou das encíclicas papais, ou seria mais ou menos o monge cartuxo que, finda a vigília debruça-se em sua cela para rever algum estatuto da sua ordem? Ou o botânico que, por necessitar aprofundar sua tese volve a ter com Darwin e com Mendel? Ou seria eu, tu e qualquer outro que nos sentamos todas as manhãs e, com cuidado a ponto de sagração puxamos da estante algum Aristóteles, Sêneca ou Russeau pensando que, uma vez tido carinhosamente passado vistas por todas suas folhas, seremos mais esclarecidos ou felizes? Ou que o mistério da vida se esclarecerá?


Até porque quem foi mesmo que falou que a verdade está nos livros?
Até porque quem disse que livros tem alguma serventia?
Blasfêmia!

Livros são inúteis. Leitores loucos os significam.
Mas sobre isso, um mestre qualquer ou um outro anda dizendo... e até recorte de outro achei! vou transcrever:

"8 Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á."
"9 Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?"

Então, não se pode curar o não enfermo.

Agradeço aquela mocinha e ao compilador da história do Evangelho de Mateus por terem me dado esta lição.

 

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