sábado, 24 de agosto de 2013

Le Petit Prince


Há coisas e há negócios... vários tipos por sinal! Isso se não for simplesmente "aquilo ali", ou "aquele lá". Quem afinal precisa de um dicionário todo para se expressar? A expressão justifica a palavra, diriam os doutos ou os acadêmicos...afinal para eles a expressão só pode vir depois da palavra que a representa... mas não para os pequenos.
Gente pequena (pequena de anos, pequena de tempo, pequena de academicismos e parlapatonismos) sabe explicar coisa sem precisar de vocabulário. Gente grande nem com todas as linguás do planeta explica diretamente o que negócio. "A palavra nos limita a expressão" digo sempre agora a pouco.

Quem afinal não percebe que os pequenos, dada sua miudes de anos cumulados no dorso, estão mais próximos da terra que os grandes? a gráfico da vida é assim, um arco, nas duas pontas se toca a terra, e no meio exato se distancia ao máximo dela, quando sabemos menos sobre tudo. Só que este meio exato acontece para cada um no seu cíclico coisar da vida, ou seja, posso alcançar meio desconhecer ao passo de um conhecer ao mesmo tempo. Posso saber e não saber (que bobo este acadêmico que falou que isso não era possível!)

Por exemplo: o primeiro amor é assunto que só tem vida no corpo dos pequenos. Que haveria o grande de falar sobre ele, visto que já está tão distante assim? Já a pequena, ao amar de início, recebe o desafio de tentar descoisar o amor (o que não consegue durante a vida toda, e já como os poetas elucidam, divaga em tentar fazê-lo inutilmente). Mas ai um douto qualquer pode indagar: e o ancião? Ho ho ho sim, e o ancião!

A beleza da vida só pode ser vista por crianças.

Cada dia aprendo quando vejo a sinceridade. A cada minuto sorve-me a alma de puro saber aqueles pequeninos que desmantelam o mundo sem significá-lo. Isso é a pura arte! Isso é arte! Só isso é arte!

De certo modo sinto-me previlegiado, como um operário que sobe no arranha-céu para limpar os vidros, vejo o mundo de duas formas: o lado de dentro por traz do vidro sujo, onde ficam as pessoas grandes, os doutos e os homens de posse; e o lado de fora, onde somente há luz e vento, e após um longo abismo poderiamos chegar na verdadeira terra do chão.
Os pequenos estreitam minha relação com o chão, e sinto como se não precisasse cair para tocá-lo, como uma onda elétrica que, uma vez tocada por alguém, tocando eu em alguém, teria choque. É certo que alguma energia se perca no processo, e os ossos dos que tomam choque todo dia ficam gastos muito mais rapidamente do que aqueles que se expõe no laboratório de ciências que fica na ultima sala do prédio com vidros sujos... a sala dos ossos doutos e magníficos.

Agradeço por poder aprender com pequenos todas as manhãs.

Sugiro, caso você seja grande ou grande-mestre, começar a viver lendo Le Petit Prince todas as manhãs, até sentir calma, até sentir seu coração.

"A linguagem é uma fonte de mal-entendidos."

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