domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Imbuia e seus mil'anos - 27 de Fevereiro de 2011

Caminho

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mascate de Ramos

Tem dias que estamos mais para nada
Tem dias que a chuva não cai só do céu
Molhados lençois, versos e rimas
Sapatos usados esguicham soluços.

Uma venda nos olhos:
É o sol da manhã
Dedicar-se faz nada
É estar-se mais rã.

Capitular nas guerras que nunca lutou;
Manchar de mácula nomes que não partilhou;
Assinar desafios, mas só em pensamento;
Tornar-se de mente, moinho de vento.

Tem dias que somos o céu lá do sul
Azul sem seu brio, gelado, in blue.
Mascate de ramos, rolinhas e quero-queros
O pato sentido, do prato sem leros.

Doce demais para se degustar
Sentir a demão de tinta manchar,
Cabelos, cavalos, apelos e clãs
Um velho estradeiro, bichado a maçãs.

Tabaco tragado e um cópo de vodka!
Tinindo, tilintando, changando...

O gás já 'cabou,
O céu já raio,
Cabresto baixou,
Suspiro ecoou,
Rãzinha pulou
E o amigo dos amigos não se aperreou.

No fim do trajeto, far-me-ei em pajé
Menino de cétro, nos sóis da maré
Galgado de arvores, sandálias em pé
Trajeto incerto, sertão, sumaré
Fingido e marcheiro, posteiro da fé.

25/02/2011 - Mascate de Ramos. Este dedico ao dedicar.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Caramelos com pistache

O guri tava todo pinchado.
Cismando trapaças, beliscava feito mula no sisal
Chamusquei um pouco e fiz-me de gente (pois gente é que finge)
Danado trolava mais que português em navio negreiro.

Amarguei.

Jão Pedro me configurou de imediato.
Trocava de lado feito siri no sol quente, não tinha orlas para correr
Desocupei-o de pronto assim que me bateu a soalheira na têmpora do gafanhoto.
Caramelei feito bacalhau.


23/02/2011 - A saga de Jão Pedro, que não suportou desaprender naquela classe. Chuvou-se forte, nos adiantou, des-repreendeu e pentelhou.

Adendo ao delator consagrado

Ainda não consigo fazer na música o que faço com as palavras. As palavras não são verdadeiras, elas enganam. 


Na música sempre sou sincero.


22/02/11 - este eu desdedico.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Para o velho, o novo e as aratacas"

I
O violão já andava como uma mariposa
Que acendia e apagava ao vagalumear
Galopava desacordes
E ia-se embora.

II
Era como se um estandarte fosse todo montado na beira dum éco
O som... coisa mais linda, ficava passeando, repetindo, irritando
E gente gralhava enquanto o mato descia buscar trouxas

III
O Padre falava: "É berimbaL, é berimbal!
Papoulas ficavam desenhando o sol da mesa
E vinha pitando feito lobo corcunda
Um mosto e a equilibrista.

IV
Um rolinho de lamparinas tipo "limpa-barro" já tava no fim...
E cuiava e velhava, achava tudo fabuloso.
No cachimbo erva lavada tipo paiol na latrina suja
Mapoulas e santiagos, na beira dos carretéis.

V
E lá vinha Varmir visto moço, vulto moreno e garboso safadear com felisberta.
Pobre do ouriço que ficou sem seus CD's
Matambre de chusma, chimarrita desce-serra
Verdeava e mofava de tanto desarder

VI
Estomagou caniços repletos de sonhos ainda girinos;
Delatou ao leão duas porcas fugidas;
Sonorou o cabelo do padre na flecha do berimbau;
E se foi varmizar mato a dentro no centro da urbe.

VII
Sacrilégio, sacrilégio! Cantarolava o arquivador.
Chusma cutuca que da gente sai buraco.

E até lesma se 'divinou
De nego branco, Varmir e seus pescados.


21/02/2011 - "Para o velho, o novo e as aratacas" - dedico este ao amigo Valmir.
 

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