sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Capadócio



Venho com sorte redescobrindo o Brasil.
Descobrindo Villa-Lobos, brasileiro Lobos, europeu compositor Villa, Carioca Lobos...
"O folclore? eu sou o folclore!"

Afiram com disposição, uma vez que o trato de se abrasilizar ao maximo lhe veio não por ocaso ou por tendencia, mas por instinto, por lucidez. E teve do Brasil dos idos das suas primeiras décadas dos 900 muito, e muito a pé e com fé.
Se hoje me furto em fazê-lo de ônibus, carro, avião ou que quer que seja, e nem com todas as paginas da internet chego perto... magina lá, magina o que...

Villa transcendeu o brasileiro.

Villa alcançou o Brasil.

Pedaço de terra, pedaço de Terra.

Ele ouviu o chão, ouviu a água, o pássaro, o "leão", ele ouviu o peixe e a comida, o camponês e seu cigarro, a mato crescendo do chão e o sol, sim... o Sol que malha a Terra e seus convives no tocar de todos os sons.

Ter com Villa, só hoje faz sentido. Poderia escrever linhas e linhas de saberes que desbravo a cada dia na sua vida, a cada dia no seu fazer, a cada som que nos largou por ai... e espero que eu tenha tenacidade para fazê-lo quanto antes, mas por ter sido perdido entre sons, notas, escritos, pautas, cerimonias, historias contadas por outros e por ele mesmo, audições, leituras mentais, re-arranjos, tocadinhas na viola, no piano, no violão, no acordeom, no apito, na sanfona, no teclado, na palma da mão, no estilingue... por ter sido tamanhamente discplicente em gozar o tempo todo do aprender com Villa...

Villa-Lobos era gente de ir
Assim espero ter entendido direito as coisas...
E registro meu desenfreado desconfiar de todos os dias. 21/08/2015.




Bom, deixo o relato de Ferreira...

"...Não escrevi essa letra pensando que ela um dia seria gravada; escrevia-a porque aquela reversão da lembrança foi um fator a mais de emoção, um choque mágico, que se incorporava ao poema. Por isso, pus ali uma indicação meio irônica: "Para ser cantada com a "Bachiana nº 2", "Tocata'". Mas surgiu alguém que levou a sério a indicação." (2009, Folha de SP)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Toca do Lagarto pisada de homem

Um resto de um toco
Emaranhado de rios
Esmaeceu

Tava lumiado de lampejo
Pensativo
E a coisa toda parecendo num momento após ter acontecido de fao

Um lagarto escondido no oco deixou de tocaia
Havia até um arcabuz
Uma dedada de siriema tocando bugio pro mato

Um resto de toco
Um enrrosco
Um puxadinho

Entre o mato e a casa tinha um pouco
Mas na bera d'agua é que travava o pé do homem
Parecia olhando

Estranho como a lua confunde a luz do lumiado
Estranho...
Todo mundo sabe da importança do lumiado... porque lua quando nao da pexe nao presta!

Um resto de toco
Um descanso
Uma luz

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Flor de Maio

Não é toda hora que eu quero falar
Nem toda hora que eu quero pensar
Não é toda hora que eu quero entender
Não é toda hora que quero dizer

Não é toda hora que quero você
Não é toda hora que quero aceitar
Nem toda hora que penso em prazer
Não e toda hora que quero gozar

E não é toda hora que o céu é azul
Não é toda hora que eu quero olhar
Nem toda hora há Lua no céu
Nem toda estrela reflete no mar

E não é toda hora que quero viver
Não é toda hora que quero sonhar
Não é toda hora que penso em morrer
Nem toda hora preciso acordar

Não é toda hora que eu quis naiscer
Nem toda hora que quis vagar
Não é toda hora um amanhecer
Não é toda hora de descansar

Não é toda hora de ser quem ser
Não é toda hora um vislumbrar
Não é toda hora o entardecer
Nem toda hora será ao mar

E não é toda hora
Mas e toda hora
Que não é toda hora


 

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