terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O amigo e o monge

O amigo e o monge são duas pessoas distintas.

Distintas em cavalheirismo, em educação.
Distintas em saber viver.

O amigo, outrora monge, já foi amigo, outrora monge,
e assim continuou por experimentar demais a vida que lhe consumia as horas e a delinquência da amabilidade que em cujas formas lho deformaria se nela insistisse ademais das coisas...

O monge, outrora amigo, outrora monge, assumiu para si a mosteiridade de temer ao cosmos.
O monge tem suas picuínhas com quais não escreve vidas mas tramoias de seu eu.
Ele des-simplifica o óbvio e macula o evidente.

Os primazes degraus do céu são o presente do eterno amar. Assim, parafraseando Fedro:"devermos antenar para o significado, não para as palavras."

Dizia o adivinho:
"...E vi uma grande tristeza baixar sobre os homens. Os melhores se cansaram de usas obras.
Espalhou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença. Tudo é igual, tudo é vão, tudo passou." (F.N.)

Logo tampava-se o sol e vinha comilusco o amigo, com sua fome de saciar-se. Porém, saciava-se todas as noites, mas com saberes de terra, com sapiências de outrora...

...

 - Tartaruga, tartaruga, de onde mesmo vem o sol?
 - Vem daqui, de embaixo de folhas, de fazeres de mato, de raiares de minguas e de parcos vistos trovejares.
 - Tartaruga, tartaruga, de onde vem o Sol?
 - Sei pouco sobre o Sol, mas sobre folhas: eis meu aprendizado!
 - Far-me-ei tartaruga para então ver o Sol?

...

Seria o amigo a abelha ou o rato? Eis que nest'arte questiono-me ao incansável momentaneamente.
Causador de causos, fazedor! Eis o que cansado, ainda assim amigava.
Porque de ratos e abelhas já se disse tudo, exceto como ruminam. Aqui posso vislumbrar um pouco de mim.

O monge, a pedra, o céu. Na lua nova eis de compor o infinito diante de teus próprios olhos, tal qual índio que comporta sua voz limando-a na relva dos entardeceres. O amigo cirandeará diante de tal magnitude, e se ouvirá, para firmes que lá em cima vão, seus passos nobres sobre o chão da terra.

"Vai como o tempo que a alma assente sem dizer nada, onde o rumo e a estrada nem sempre são o mesmo caminho."

Abraço irmão,

Ao amigo Milton, aos 29.01.2013 (Futuro "Livro das divagações, p.123")

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013



"Paratodos" foi lançada em 1993 pelo seu autor, Chico (carinhosamente chamado por nós de "o velho") Buarque "brasileiro" de Holanda etc. e tal. Como muitas coisas que se vê, outras tantas se ouve e assemelha no instante exato do seu feitio. Lembro-me de ter ouvido esta pela prima vez quando seu idealizador foi ao Fantástico (programa global) e por sabe-se-lá-Deus-o-que ali a lançou de certo modo.

Certo dia então tive sorte de concatenar-me com uma rádio que presenteou-me tal pérola, mas não na versão puritana do feitor: na mão obreira do vistoso seu Domingos, Domingão, Dominguinhos para a plebe, crú nas rudezas de sanfona, gaiteiro por apelido e nobre de alma e espírito santo. Não mais pude deixar de acrescentar-la ao meu mais íntimo repertório de "coisas" que me gustam.

Compartilho, pois se não fosse para compartilhar não teriam gravado. Deleito-me e agradeço aos mil timbres chumbados em contracanto no desporto de reler o "algo".

Esta versão tem uma mensagem besta no início, mas haveremos nós de respeitar quem o postou no youtube, indiferentes a inocência alheia.

E você que preste bem atenção ao pífano, ou nem ouça!
 

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