Minhas Senhoras; meus senhores.
Eu gostaria de começar esta conversa
Com bastante desleixo.
Gostaria de dizer nada, a quem nada sempre me disse.
Gostaria de deixar claro, absolutamente todas as coisas que pouco importam.
E destratar, a você, que sempre me destratou.
Com pouca sabedoria, falarei sempre sobre ciência.
Deitarei versos estúpidos para a arte.
Não, não esquecerei de todos vocês, filhos do povo, que merecem absolutamente tudo aquilo que já tem. Que farei o prazer de dar, usando minhas mãos e a riqueza de outros.
Minha postura, que foi sempre desaconselhada por amigos, conselheiros e auxiliares, não esclarece nada.
Prossigo deixando de fazer aquilo que jamais fiz. Continuo ausente de todos os espaços que pouco tenho frequentado. E nada digo, porque, com acalanto divino, com a fé em mim depositada, tendo como outros, mais ouvidos do que bocas, cumpro meu dever onírico, cujo afinco nunca pratiquei.
Você pode estar pensando:
E é exatamente este o X de alguma questão, que não esta que venho deixando de esclarecer.
Meu desejo seria ou não arguir todas as palavras inúteis, a fim de ocupar-me de algo completamente dispensável.
Cuidem, meus amigos, daquilo que costumam cuidar, e assim sejam sempre improfícuos diante de toda novidade que lhes acometer.
Direi todos os dias a palavra não. Pois ela significa algo que pouco me importa.
Darei todo o assessoramento aos que já o tem, pois assim sempre serei mais um ineficaz assessor de coisas úteis.
Farei com que nada retroceda, e que tudo deixe de progredir. Serei tão pouco estanque quanto me aprouver.
Porei os pingos nos u's, pois já que a trema é infecunda na nossa linguagem, deve servir para alguma coisa que pouco me interessa.
E dessas coisas, que servem ou não, falarei todos os dias, se desejar, pois a elas pouco pertence nosso futuro.
Estarei para o pão assim como a rocha esta para alguma coisa. Do pão tirarei meus argumentos para dizer sempre o mesmo.
Deixo escapar o sentido nas coisas que nunca o tiveram, e não tento arrumar coisa nenhuma.
Povo brasileiro, sois retumbante no que nada importa, e assim far-me-ei vosso, pois do teu ventre filho sou.
E acerto ao dizer todas as coisas, como cobaia do novo alvorecer que muito ou nada consome num farfalhar que rebuliça esterilidade.
Estático, estético...
Este sou eu,
Ou não.
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