sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mascate de Ramos

Tem dias que estamos mais para nada
Tem dias que a chuva não cai só do céu
Molhados lençois, versos e rimas
Sapatos usados esguicham soluços.

Uma venda nos olhos:
É o sol da manhã
Dedicar-se faz nada
É estar-se mais rã.

Capitular nas guerras que nunca lutou;
Manchar de mácula nomes que não partilhou;
Assinar desafios, mas só em pensamento;
Tornar-se de mente, moinho de vento.

Tem dias que somos o céu lá do sul
Azul sem seu brio, gelado, in blue.
Mascate de ramos, rolinhas e quero-queros
O pato sentido, do prato sem leros.

Doce demais para se degustar
Sentir a demão de tinta manchar,
Cabelos, cavalos, apelos e clãs
Um velho estradeiro, bichado a maçãs.

Tabaco tragado e um cópo de vodka!
Tinindo, tilintando, changando...

O gás já 'cabou,
O céu já raio,
Cabresto baixou,
Suspiro ecoou,
Rãzinha pulou
E o amigo dos amigos não se aperreou.

No fim do trajeto, far-me-ei em pajé
Menino de cétro, nos sóis da maré
Galgado de arvores, sandálias em pé
Trajeto incerto, sertão, sumaré
Fingido e marcheiro, posteiro da fé.

25/02/2011 - Mascate de Ramos. Este dedico ao dedicar.

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